o absurdo sempre me delata
me pego cantando canções abstratas
rimadas em sons etílicos
agudos marcantes
meio assim sem brilho
pois não consigo iluminar sem calor
e o calor vem de quem procuro as tontas
embevecida entres nuvens e chuvas
e me esqueço como são claras as noites que vivia aquecida em algum ombro..
seria tão profundo meu sono que já nem lembro mais os tons
das batidas que antes me gemiam e que caladas respiram em minha alma
ficando então atônitos os lábios endurecidos e sem beijos
pérfidos e gélidos
no vermelho do batom estremecidos
ecoam ainda os distúrbios de todas as fálicas lembranças
cujo cheiro não escondo na memória
e relato nas poucas coisas que digo
e tremo em meio a este gosto
enrolada em meus cabelos longos declaro...
estou morando em mim
e isto me deixa distraida
porque morar em mim é calmo
e não sei ser calma e sem medos
estou aprendendo a ficar
destemida sem trauma do vazio
gerando alguns calafrios
eu retiro minha capa de bela
e adormeço entendendo o tempo
que sem piedade me acaba
e em suas marcas debruço solta
e na humildade entendo o seu poder
pois nada posso contra o tempo
aceito então a condição
de nada deixar em branco
tirando o fato de estar agora sem nexo
tumultuada e aflita
reconheço que sou efêmera
e que tudo não passa de informação genética
( em meados de alguns anos se apagarão)
esquecidos tímidos e solitários
depositados em caixas de madeira
terminam ali nossos sonhos
as vontades as metas os papéis
nada restará que nos contente
pois assim é o fim de quem vive intensamente
nada sabe de si mesmo a não ser o inconsciente
revelado na subliminares mensagens
estarão lá os meus hectares
de terras de idéias e planos
e nada mais se diga em vão.