domingo, 22 de novembro de 2009

Calada

Embora eu me sinta calada ...
não estou
Tanto que eu desejo ser calada
Mas não sou
Tento ser o que não sou
Pra ficar suportável
ser quem sou
Todavia as pessoas tristes
Me vêem como não sou
Sendo tristes e vazias
Nada conseguem ver
Cegas de inveja
Querem apontar o que de mim ficou
São apenas momentos
Ninguém pode perceber isto?
A vida tão pequena e breve
Parece longa e feroz
Meu rosto esconde o pranto
que não saiu

São apenas momentos breves
Será que ninguém consegue ver isto?
Somos sombras
Somos nada
Somos a vaidade
Somos o desejo
O escândalo
O terror de não ser quem queremos

São tantos os gritos sufocados de todos
São tantos os que desejam a morte
São todos os que provocam a morte
São os que tem medo do brilho
Os que não suportam perder
Mas não sabem que não se perde o que não se tem

Somos derivados e constantes
Somos matrizes e cópias
Somos os clones de nós mesmos
Nos repetindo repetindo....

Os mesmos erros de sempre
Não corrigimos
não corrigimos

São apenas lagartas
Que caem dos cascos das árvores
Que também
não durarão para sempre
somos apenas o resto
Que sobrou de nós ontem

Zomba de nós o tempo
O espelho

No lago tenso e frio
Refletida está nossa imagem
Somos o nada no vento
Somos o catavento
Não prende o vento e
roda
Como rodamos no tempo

Não giro no caleidoscópio
Mas sou a cor
A tinta
Sou o quadro que pintei
Estou nele o tempo que posso
Para me esconder do momento
Onde a noite me assombra os dentes

Apenas dedico o dia
As coisas que são importantes
Pois nada é importante
A não ser o próprio dia
Somos o nada
A gota
O orvalho
Perenes
Poveros
Pequenos
Mas grandes são nossos sonhos

Somos tudo que apodrece
Somos tudo que fere
Somos o nada que machuca
Somos o dedo do meio

A máscara do sorriso
Os momentos
Somos o próprio tempo
Flexível e mutante
Somos o erro da ancora
Que cai sem saber bem onde

E presos no fundo escuro
Pelo nosso proprio peso
Nem tentamos sair

Entendemos que isto é o real
Isto é verdade
Isto é assim

Por que assim se fez a âncora
Para o navio segurar
Não tem noção que é âncora
Nunca aprendeu a voar

Mas do mesmo ferro da ancora
É feito o casco do navio
Somos um
Somos ferro
Somos navio
Somos presos

Somos todos iguais
Querendo ser diferentes
Somos todos corrosíveis
Somos o aço do tempo

Ninguém conhece a si mesmo
Ninguém sabe nada sobre o tempo
Ninguém sabe quanto dura seu tempo.

sonho

Um sonho é muito pequeno pra abrigar o elogio e muito grande para separar um mundo acordado de outro
sonho acordada com o seu elogio e me separo do mundo
sou pequena para abrigar o que esta separado e acordo em meu mundo de sonhos.

Caminhada

Por que mais uma vez encontram-se abafados os medos dos que choram de amor ?
(E ainda procuram dentro de si o coração perdido onde abutres teimam em comer o que sobrou de mim)
Embora os sonhos, tenham se perdido no meio de tantos ornamentos, ainda sangra a face e os olhos em meu lamento.
Choro os sonhos perdidos e o tempo. Apagam-me a alma.
Não lembro mais de quem fui e também não sei mais quem sou.
Perdida nesta grande e longa caminhada que parece tão curta, mas larga, esqueço, no ímpeto de esquecer. E tento recuperar o elo perdido, flagrante despido de mim.
Nas frágeis telas, sombras que se vão, intrépidas, entre as folhas secas do gemido quente, do meu desejo pela paixão.
Embora não sejam estes os imãs que me grudam nas paredes do meu peito, ainda peço o temido beijo, que congele por inteiro o meu corpo e me entregue por completo ao general que comanda a jaula, onde esta presa a minha palavra, que insiste tanto em ser declamada.
A tão chamada e inerente ingratidão.
Porque seria tão temida a fraqueza do meu coração?
Para que sentir o amor se ele não me revela a paixão? Para que sentir a paixão se ela enfraquece o gesto, emudece a voz e cala a expressão.
São apenas sons, que vem e vão, são apenas gozos perdidos no colchão.
E a cada dia encontro o medo gerado por todos os homens passados.
Mas ainda assim eu tento,,, não ter meu corpo parado no alto de um monte gelado cortado pelo vento frio.
Não existe vento aqui onde estou nem tão pouco o amor tomou-me por inteiro, mas sinto a ausência do amor, que é bem pior que senti-lo e a perdição do restrito, do não permitido a mim, por ser tão pequena e grande tão humilde e fria.
Não existe amor nenhum, não existe nenhuma paixão.
São apenas desejos, escondidos na mente, felicitando os líquidos jogados pelo meu cérebro intocável, que procura desesperado, um meio de fazer-me feliz, neste recrutado é mórbido mundo sem falácias sem montanhas, sem uma siquer verdade, inteira ou metade.
( Hora de solidão)