Estou do lado de fora
como quem olha sem tempo
as coisas que passam bem fortes
rápidas e quentes...
Estou do lado de fora
pra quem quer me ver por dentro
apago as substâncias ferrosas
que atacam meu fígado,meu tempo.
Estou com medo de mim
e nas encostas de ombros largos
deixo mordidas de fogo
arranho a pele sem carne
pra guardar um pouco dos homens
dentro de minhas unhas secas...
Estou do lado de fora
da minha boca que geme
na força, eu aperto intensamente
perco o controle
abraço...
como quem abraça o vento...
Amanhã, não se pode ter
o gosto que se tem no momento
são beijos e gozos perdidos
daqueles iluminados sentidos
entre páginas e gritos
lá está a culpa...
0nde tudo que perco.. sozinha
no vale fundo e gelado
ouço o eco tenebroso
das rugas , dos templos...
São as velas derretidas... é
a parafina, o amor
em cores e transparências
lá se vão
os anos, a flor
Estou do lado de fora
das pétalas, dos espinhos, da terra
olhando abstrata o regresso
das sombras dos objetos...
nada fica parado
quando visto pela sombra
da forma original pouco se ve
pão, vinho e fama
é assim que olham você
em de tudo que é a verdade
a sombra não expressa quem sou
na deformação enxergada
se julga na ira
e a entrega é calada
por que só veem a sombra...
Estou do lado de fora
da massa cinzenta que pensa
provoca impulsiona e abate
assim vejo a camada
da minha crosta terrestre
alagada de fluidos anônimos
que brigam dentro de mim
desconto tudo olhando nos olhos
do espelho amarelo sem fim
que rebate mil vezes minha imagem..
choro,
pois não sei qual delas sou...
Estou do lado de fora
na intenção de me misturar
com todas as falhas e gestos
engolindo e cuspindo a saliva
beijando minha própria boca
pra lembrar
que não posso viver sem mim.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
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