sábado, 7 de abril de 2012

avesso

Não posso ver e tenho olhos
nada ouço senão meu proprio coração
que sente os retalhos
desunidos sem linha
paradoxos de historias
fragmentos de verdades
entumecidos de sangue
aguado e fino
como as lagrimas que outrora caiam
descascadas peles se misturam
e na tinta borrada tatuagens
escritas sobre meus ossos aparentes
mostram criptografados meus segredos
os quais insistia em contar
troco minhas vestes de pessoa
por qualquer coisa que valha  a pena
porque ser gente é vazio
sombrio e frágil
troco minhas vestes de carne
por outra coisa que valha a pena
ser carne é pouco durável
e ser humano não vale a pena
na busca da sinceridade
fraquejo sem esperança
vendo o tempo corromper
apagando  a realidade
estou na busca da liberdade
mas estou presa neste corpo
entao me fecho na casca
entrando todinha em meu avesso
trocando o lugar onde piso
por ventos flores e cantos
vendendo ideias de arte
enquanto riem  os inimigos
só podem mesmo assim fazer
pois nao sabem nada de mim
deixo aqui palavras duras
de quem não vive o sistema
e na fadiga o despreso
acompanha minha grade de ferro
se transpassa-la estou morta
se fico nela estou sozinha
fingir o que não consigo
é ser hipoteticamente feliz
abraçada em fotos com amigos
ridiculas margens
 são
poeiras de momentos
sinos grandes e capelas
tocam por assim dizer a hora
de sentar-se no silencio
pra entender o rancor
de nao perdoar a mim mesma
pela honestidade e honra
pela meiguice e docura
pela carencia e critica
pelo desejo de amar.

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