quinta-feira, 24 de novembro de 2011

AMANHA VOU MORAR EM MIM

No dia que tive coragem
olhei pra dentro de mim
e vi que estava perdida
pois não encontrei ninguém.
Dentro de mim havia uma cadeira
onde sentei e pensei
são as minhas histórias passadas
que agora assistirei
e no filme rodado as pressas
vi algumas coisas de bom
lá estavam meus sons
meus mitos
meus segredos
então levantei e decidi desligar
a tela que passa minha vida
o filme está meio velho
antigo
com defeitos
só passaram as imagens boas
as outras não vejo direito
os longos espaços calada
passaram rápido e sem gosto
vi que dentro de mim tinham mais coisas
penduradas nas paredes dos sonhos
cartões de visitas de amigos
bilhetes deixados pra sempre
frases curtas e fortes
de amor força e verdade
Quando tive coragem
entrei no mundo absurdo
que é a vida balburdia
que entro vejo e saio..
Amanha vou morar em mim
que ficar lá dentro é calmo
não me preocupo mais em ter alguém
pra dividir os meus medos
eles morreram de sono
por me verem feliz.

Risos

Risos são paletas
que apoiamos matéria
vazados deixam cair sempre alguma coisa
que se perde no meio de espaços grandes..
risos são pedaços de nós
que deixamos escapar
só pra alegrar um amigo
são guardados nas caixas de alegria
nos caminhões transportados
de vida em vida ... levados
 fechados com portas de vidro
se pode ver alguns sorrisos
mas nada que seja tão verdadeiro
quanto os risos de menino.

Os adultos tentam sim
rir de si
rir dos outros
rir das coisas tristes que acontecem ..
rir de piadas fracas
como a morte
a solidão
a desgraça
nada se tem de puro nestes risos falsos
delegados por sentidos aleatórios..
onde foram para os risos dos adultos?
Esconderam de forma tão rude
que nunca encontram..
procuram na noite
nos beijos
nas amantes
nas piadas
nos filmes
nas comédias humilhantes
mas a felicidade não é riso
é plenitude de alma
é alegria de comunhão
de quem Deus em sua vida.

ROLO ENROLADO

É apenas um rolo de lã
embolado que não se acha a ponta..
Quando encontro a ponta
tem um nó no meio
Quando corto e procuro desenrolar?
Não era a ponta verdadeira..
Se procuro do outro lado?
Continua embolado..
Existe afinal uma ponta?
Ou é um rolo enrolado
cheio de nós e de pontas
que me irritam enquanto desembaraço
e desisto toda vez que tento..
Seria a cor?
Seria o rolo?
Não não
sou eu ...
O problema é que jogo fora o rolo
não quero mais procurar
não quero mais desembaraçar..
me irrito
afinal
tem ou não tem ponta?
Desisto.

Ocasional?

Se não fosse tão tarde pra mostrar que eu não estou desesperada
nem sou de uma noite só..
Se não bastassem os mitos de mulheres lindas e burras
e fracas de mente ou coração
A facilidade do ocasional...
mas eu nao menti
eu senti de verdade
era real o meu medo
você não existiu.

Um dia um menino lindo...se matou 22/09/2011

Em meio ao teu sangue em minhas mãos
teus olhos indo embora deste mundo
sua respiração ofegante  e lenta
sua mão tão pequena
seu semblante vazio
sua vida indo embora
seu pulso se perdendo
e meu coração apagado
A arma .. sobre você
os degraus.. seu corpo ali, jogado
pessoas correndo
com medo
com desespero
que sua alma possa encontrar paz
onde as flores começam a nascer...
nunca esquecerei você...
tente perdoar a si mesmo
pensar em coisas boas foi o que tentei dizer
suas mãos estavam ficando cada vez mais frias
sua respiração terminando
seu sangue esvaindo pelas escadas..
e os gritos dos outros ficaram tao longe
parecia que não havia nada ali
só você eu e Deus

seu olhar no nada
o meu em você

eu tentei eu juro
foi o melhor que consegui
se eu pudesse voltar alguns segundos no tempo
eu sei que conseguiria te convencer...
bala maldita
que entrou em você..
um rosto tão lindo
teus sonhos perdidos ..
mas vejo seus olhos em outras crianças
é o que me consola...
DORME COM DEUS
te encontro no céu...
 anjinho DAVI

VENTOS

Ciclone rodando na minha cabeça..
É vento que sopra constantemente
eu o trópico
você o Equador
e que por ser muito úmido
provoca chuva ao arredor de mim ?
onde ocorre o encontro desses ventos?
Procuro a calmaria

GRÃOS

Não existe espaço entre o hoje e o agora
é o mesmo momento...
parece que já pensei isso antes
que já vivi completamente o que tento não sentir...
escondo entre meus dedos os grãos de areia
mas eles escorrem mesmo assim..
senão com o vazio .. se vão com o vento
são só grãos ..
apelo pedindo ao vento
por favor não leve meus grãos..
o vento não ouve nada..
(nem você...)
e assim se vão os grãos
nada posso fazer
são livres .. é o que se diz
são quentes
macios
mas não tem dono...
os grãos..

você..

Penso .. e se eu molhar?
Grãos molhados ficam pesados ..
mas o Sol os esquenta  e eles se vão..

Você?

Deitar me sobre eles
é a melhor solução
mas não posso ficar para sempre.. e assim..
ah
meus grãos de areia ..
delicados e libertinos
invejados e nômades..
tanto que amo que não desejo prende los mais..
podem ir .. é seu destino
é a vida de quem é grão...

É você?


Verdade

Pra dizer a verdade é preciso duas coisas
sinceridade com você e aceitação dela pelos outros...

RECONHECER

O gosto do que procuras -  a tempos
um  pouco te derruba 
em meio a  tantos pensamentos...
embora nao saibas quem sou
 teus sentidos saberão..
meu cheiro
meu gosto
meu dentro
pois ja nao te basta o que pensas
mas o que o teu desejo - impulsiona
não sou nuvem
não sou vento
mas tu me reconhecerás
na noite em que estiveres
no silêncio.

ENGANO

Ah
Se eu soubesse
perderia mais tempo falando verdades
do que me escondendo dentro de você
verdades são brilhantes
seus olhos não...
sentir ainda é melhor
do que gritar o meu desespero
quem dera fossem doces os seus beijos -
doces são tão faceis de comprar
beijos... não.
Ah
amor
seria fácil se eu soubesse conquistar
em vez de seduzir...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paradoxo

Parâmetros
são laços que se troca -
reciprocidades que não sentimos...
Três pontos
indicam que não se pode dizer o que se sente-
e
embora entristecidos pela força de tanto trabalho
embebidos num lenço fino e leve está o sono
que perdemos por pensar se é verdade
ou ganhamos horas duras e incomodas
escalpeladas por palavras ditas em vão
preciso de um gole de afago
um pedaço do teu abraço
uma folha do teu papel
pra escrever uma nova história
que não seja apenas como o verde
das folhas  dos teus olhos
que aqueça tenuemente como a luz
mordaz e piscante do meu quarto
onde entrego o pranto oculto e nervurado
das formas que imagino ter teu corpo
no poder amenizado das minhas mãos
esquento os ombros delicados
que paradoxalmente querem sair
dos teus
mas esbarram nas batidas aceleradas
do teu coração de ninguém
homem de partes errantes
a quem queria deixar ao deleite
as bravas ondas dos meus cabelos
perdidos entre os gritos gélidos e pálidos
de um peito a beira da morte certa
que não sabe mais amar a céu aberto
nem se vê a olho nu
amor que exala perfume de distância
daquela que quer todo o teu querer
então esbravejas com Deus
os teus pedidos
enquanto os flácidos momentos te agridem
em milhões de notas valorosas e
te perde no segredo fascinante
que será o contágio estruturado
dos meus beijos quentes inflamados
tecidos com linhas de desenhos
regados com pétalas de sedução
onde fora plantado numa tela
a semente cega da paixão.

MLB

Se meus traços falassem, diriam que foram feitos porque nao cabiam em mim...
 se meus beijos marcassem
 diriam que as marcas sao molhadas - de amor
 se meu coraçao pudesse se soltar de mim
 voaria
pra onde existe compaixao , amor , desenhos e beijos.

O vidro

Olho atentamente
minha respiração
marcada num vidro de espelho
Quanto podemos respirar- de ar ?
somente o máximo
que os  pulmões suportam...
entendo que meu ar se esvai ao longo do vidro
mas se meus dedos desenharem algo
 ficará  ali marcado
meu pulmão
meu pensamento
meus dedos
minha digital
será relido
o bilhete
o desenho a respiração
e nesse expirar embaçado
algumas gotas  escorrem...
mas os cálidos momentos
não serão esquecidos
nem com a gotas
nem com o hálito
mas com o tempo
que acaba com nossa respiração
enrolando num novelo - emaranhado
o sonho de quem pensou por mim
o que hoje ainda guardo e temo
pra não esquecer quem ensina
nem perder meu desenho.

sábado, 19 de novembro de 2011

colcha de retalhos

Em seus pequenos pedaços
está lá meu colorido
amarelos , azuis e verdes
brancos nobres meu tecido
em meio a trama que tece
os espaços contidos da linha
empobrecem a carne ferida
pela agulha pontuda que morde
os meus sensíveis delírios
presos fixos um em outro
agora aquecidos juntinhos
se formam em outro tecido
temendo a cada pedaço unido
o gosto fechado - o abrigo
dos braços que correm soltos
na volta dos ombros descobertos
que os cabelos aquecem por força
os dedos frágeis que grudam
cada cor cada momento
embebido em goma endurecem
ao lavar perde o sentido
não será mais branco o gemido
nem meu amor colorido.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Acaso

Se acaso o poema pudesse te convencer
que os meus sonhos são bem maiores que minha expressão
e que dentro dos meus olhos existe tanto amor - mais tanto amor
que não se dissiparia com nenhuma tempestade- nenhum problema
mas
quem sou eu pobre mortal
sem grandes segredos pra esconder
com uma sinceridade absurda
que não consegue ver maldade em nada-
sou uma enganada
alguém que perdeu a noção do que é real
sendo assim tão forte
prefiro a honra à morte
pois nada calaria minha sede
incansável de amar o próximo
e nem tão pouco a rede descansaria meu corpo
não sinto o cansaço nem o mal que me fazem
nada sinto senão amor
e nos olhos alheios a esta minha verdade
gero e giro no infinito
olhando as estrelas que todos veem
mas não sentem como eu as sinto
sou o temido ser que ama
sem nenhuma restrição
e amarei profundamente a todos
sem tremer diante da paixão
pois sem a paixão não resido
em nenhum lugar calmante
sou o acaso delirante
dos que trepidam sem terremoto
sou daquelas que enfurecem os que não podem mais se olhar no espelho
sem ver outra pessoa que nem existe
espero perder me na hélice
que faz o vento em minha face
esfriar o meus desejos falidos
por onde sempre caminho
tentando viver como amante
daqueles que tem tantos medos
e a sombras que fazem nas paredes
são reflexos diferentes
formas que não se conduzem
nada fazem por si mesmas
sórdidas pessoas que não amam
triste fim será o deles
pois nada se leva na alma
senão os amores vividos
então amarei profundamente
e na luta encontrarei minha metade
que talvez seja eu mesma me procurando
no desastre que é ficar sozinha
e nesta jaula amante
sou um nada viajante
que brilha olhando o vazio
que desnuda minha fala carente
como as folhas caindo no outono
apodrecem velhas e secas
assim me encontro perdida
na floresta na mata na vida
tentando e tentando sem parar
me ferindo e entregando minhas feridas
mas há de ter alguém assim gerado
do mesmo barro molhado
que ainda sinta na chama
a vontade de ser livre comigo.